Koudelka finalizado!
Muito bem pessoal, mais uma jogatina concluída, e dessa vez um jogo um pouco obscuro e até esquecido, mas que tem uma popularidade até que grande na internet.
É aqueles jogos que ninguém se importou tanto na época do lançamento, recebendo reviews mistas, mas foi ganhando reconhecimento com o passar do tempo, hoje tendo vários fãs e defensores do jogo.
Koudelka foi criado por
Hiroki Kikuta, ex-funcionário da Square que deixou a empresa para criar o próprio estúdio, chamado Sacnoth, sendo Koudelka o primeiro projeto do estúdio.
Ele e outros ex-membros também da Square se dedicaram muito na criação do jogo, à ponto de viajarem para o País de Gales (Lugar onde se passa a história de Koudelka) para fazer amplas pesquisas para colocar no jogo.
Kikuta foi o escritor, produtor, diretor e compositor! O cara é multifacetado.
O objetivo principal do estúdio Sacnoth era criar RPGs mais sérios e sombrios, que fugiam da fórmula da época definido principalmente pelos jogos da Square.
Daí que veio a ideia de misturar o gênero RPG com Survival Horror, com uma gameplay que mistura exploração, resolução de puzzles, e batalhas por turnos.
As grandes diferenças de Koudelka para os JRPGs padrões da época é que não existe um Mapa Mundi para explorar; toda a ação se passa num único cenário do início ao fim: O Monastério Nemeton. Não há também lojas nem dinheiro para compras de itens, todas as armas, itens e equipamentos são encontrados espalhados por todo o monastério, e como eles são bem escassos, o jogador deve usa-los com cautela e economizar os itens. Pricipalmente as armas, já que eles tem limite de duração, podendo quebrar a qualquer momento, até em lutas contra chefes (Isso aconteceu comigo kk).
As batalhas acontecem de forma aleatória andando pelo cenário, sendo batalhas de turno padrão, mas com uma diferença: Tanto os personagens quanto os monstros podem se locomover pelo campo, como se fosse um tabuleiro de Xadrez.
Essa tentativa de dar um ar de diferença no Battle System do jogo acabou sendo uma faca de dois gumes, pois as batalhas são muito lentas, e a movimentação pelo campo só serviu para estender ainda mais a duração das batalhas.
As animações são muito lentas, tanto dos personagens quanto dos monstros. Uma batalha contra um monstro só pode durar alguns minutos, e com três deles, ainda mais!
Quando os personagens lançam magias, tem que se esperar 1 turno para a magia ser lançada. Isso só vai melhorando à medida que os personagens vão evoluindo e o stats de velocidade aumenta, fazendo que as ações sejam mais rápidas. Mas até isso, tem que ter paciência e esperar 1 turno para as magias serem lançadas.
E o dano infligido, tanto nos monstros quanto nos personagens, fica maior ou menor dependendo da distância entre eles. Atacar de perto causa dano maior e vice versa.
O sistema de evolução é por experiências, que é ganho após cada batalha. Bem básico, a diferença sendo que a cada Level Up, os personagens ganham 4 pontos para poder ser distribuído nos stats, algo já usando em Persona e Devil Survivor.
Os personagens vão aprendendo magias novas conforme vão evoluindo, mas isso acabou sendo um problema, pois sempre que um personagem evolui e aprende uma magia nova, os outros aprendem a mesma magia também! e isso acabou sendo uma escolha ruim, pois faz com que todos os personagens sejam iguais em batalha, nenhum deles tenham características ou habilidades próprias em batalhas. Todos eles têm as mesmas ações, o que ficou bem chato e sem emoção na hora das lutas.
A única diferença é mais nos status de cada um, sendo o Edward a força física, Koudelka, a healer que ataca com magias e armas à longa distância, e James sendo um equilíbrio entre os dois.
O Battle System acabou sendo o aspecto mais fraco do jogo, na minha opinião, e eu li que o próprio Kikuta não aprovava essa mistura de SRPG e batalhas por turnos, e o pior, ele estava certo.
O resto do gameplay é exploração igual aos primeiros Resident Evils do Playstation: Controlamos a Koudelka explorando o monastério junto com os outros personagens, tem também o backtracking, ou seja, várias áreas não acessíveis no começo do jogo podem ser acessadas posteriormente quando adquiridas as chaves, coletamos itens e armas por todo o cenário, podemos também encontrar arquivos e diários que servem de exposição para entendermos certos mistérios do plot e dicas para resolver enigmas.
Aliás, o Monastério é LINDO!! O Diretor de Arte do jogo,
Matsuzo Itakura caprichou muito. Aliás, o próprio Matsuzo seria o Diretor e escritor do primeiro Shadow Hearts, jogo legado nascido de Koudelka.
Eu amei toda a arquitetura gótica do lugar, onde a Koudelka vaga por corredores escuros, masmorras cheia de cadáveres, Igrejas com lindos vitrais e arte sacra, cemitérios e câmaras de tortura que orgulharia a Inquisição!!
Comentando sobre horror gótico, é nítido também a inspiração do jogo na literatura de horror gótico dos séculos XVIII e XIX, vários dessas obras literárias tem os mesmos temas e cenários parecidos com o de Koudelka: Castelos e mosteiros abandonados, fantasmas inquietos, floresta cheia de névoa, personagens dramáticos, enfim, Koudelka é uma obra de horror gótico versão jogo. Tanto que é referenciado incansavelmente por um dos personagens poemas de Lord Byron, e Frankestein da autora Mary Shelley, que é uma obra de horror gótico, é citado em uma certa parte do jogo por um dos personagens.
E para terminar, eu deixei para comentar no final sobre a melhor parte do jogo: Os personagens. Eu gostei bastante do elenco.
No início a relação deles é bastante caótica; só ficam brigando e discutindo entre eles por cada um ter sua opinião e visão de mundo diferentes. Temos um ladrão, um bispo fanático que fica dando sermões nos outros e a heroína que dá nome ao jogo, que é uma personagem bem ácida e debochada, ela é uma personagem maravilhosa kk.
A narrativa seguiu a rota que eu estava pensando: que no decorrer da jornada, eles iriam deixar as diferenças de lado e se unirem para sobreviverem e saíram daquele lugar vivos. E é isso que acontece. É bastante engraçado e interessante ver eles interagindo nas cutscenes.
A dublagem também é boa, eu vi em vídeos sobre o jogo que a equipe contratou atores de teatro para dar voz aos personagens, que eles queriam uma performance bastante teatral.
Essa cena sendo uma das mais poderosas do jogo, onde a Koudelka conta sobre o passado dela. É bem triste e poderosa em termos de performance.
As CGs também são bonitas, os personagens são bem expressivos.
Ah, o design dos monstros também é muito bom! Tem coisa aí que você veria tranquilamente vagando pelas ruas nevoentas de Silent Hill.
Lembra alguém?
Enfim, eu gostei de jogar Koudelka, apesar dos defeitos, é um jogo bom que eu recomendaria para quem quer jogar algo diferenciado.
Infelizmente, pela recepção morna, o Kikuta acabou não fazendo as sequências que ele tinha em mente, o máximo que teve depois foi uma série em mangás, que conta o passado da Koudelka.
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